Nas últimas décadas temos assistido ao crescimento e à grande diversidade da arte da encadernação. O clássico vem dando lugar ao contemporâneo, a mesmice ao inusitado. Contudo é notório o desinteresse da maioria dos bibliófilos para o modismo das ditas encadernações artísticas. Esse parece-nos um sentimento, até certo ponto legítimo, entretanto há um certo preconceito com relação a essa arte. É fato que em nome da livre expressão criou-se muita obra polêmica como pretexto de arte. Faz me lembra as palavras de Rubem Borba De Morais em seu excelente livro O bibliófilo aprendiz: “ ...Encadernações artísticas. Na maioria das vezes, esses objetos que produzem nada tem a ver com encadernação. São prendas domésticas”. Em contra partida, contudo, produziram-se trabalhos de rara beleza. Como na foto abaixo.
Monique Mathieu
Monique MathieuEsta situação tem sido um grande desafio na vida do encadernador que se vê entre a cruz e a espada. O dilema é: como produzir uma arte que agrade ao bibliófilo sem ser um mero imitador dos clássicos já consagrados? Quase tudo que se cria hoje, corre-se o risco de cair em tolas repetições, produzindo um Pastiche, uma cópia daquilo que já se produziu com grande maestria pelos artesãos dos anos de ouro da encadernação, como Marius Michel, Paul Bonnet, Creuzevault, Petrus Ruban, só para citar alguns, pois a lista é enorme.
O grande dilema é: como criar um estilo próprio, que atenda aos anseios do artista, sem extrapolar, sem imitar alguém e ao mesmo tempo agradar ao cliente? Parece-nos um tanto injusto que os mestres do passado não tenham deixado quase nada por se criar e fazer. Atingiram o máximo da excelência na encadernação em suas épocas. Então como criar sem “ chover no molhado”? Fica portanto, a pergunta...
Não é nosso objetivo neste blog fazer julgamentos ou críticas. Acreditamos não haver limites para a arte. Olhe os trabalhos abaixo e tire suas próprias conclusões.
Daniel Knoderer
Daniel Knoderer