"Eu agradeço a todos que me disseram NÃO. É por causa deles que fiz tudo eu mesmo."
Frase supostamente atribuída a Einstein


domingo, 6 de dezembro de 2009

Encadernações Clássicas.

Conjunto de encadernações clássicas em pleno e meio couro


Ídem

3 comentários:

Rui Martins disse...

Amigo Marco Pedrosa

O “chato”, deste lado do oceano, vai comentar, mas atenção que ele é mesmo inconveniente às vezes (...só às vezes?)

Se me permites eu chamaria antes encadernações “segundo o modelo clássico”.
Porquê ? Para mim aproximam-se muito das encadernações da fase clássica, já do período romântico, para um tipo pré-modernista / art déco. Senão vejamos:

«Lisboa reedificada» de Miguel Ramalho – bela encadernação com estojo bem ao estilo francês do séc. XIX;
«L’Histoire des Provinces de la Plata» de Ferdinand Denis – para mim já um tipo de transição;
Varnhagem - «Épicos Brasileiros - Basilio da Gama» 1845 – bela encadernação! para meu gosto, apenas os cantos deveriam ser um pouco maiores e talvez seja excessivamente verde. O marmorizado do corte das folhas e dos papeis da pastas e das guardas é o meu preferido ... como já percebeste certamente.
(questão muito pessoal de cores ... digo-te que comprei 2 livros já encadernados em inteira de couro – uma a verde claro e outra a verde escuro, do mesmo autor, mas de que até gosto, pois são obras dos anos 50-60 do séc. XX);
«Primer Romancero Gitano» Frederico Garcia Lorca – bom ... excelente encadernação para este poeta intemporal e de leitura sempre apetecível ! (já percebeste que também gosto muito de poesia), mas não lhe chamaria propriamente clássica.. (O ferro da seixa é de grande requinte e originalidade);
«Oevres de Auguste Brizeux» Paris. 1819 – confesso o meu desconhecimento do autor, quanto à encadernação mantenho a opinião acima referida, com maior ênfase para o seu “pré modernismo”
«Obra Completa» de Cruz e Sousa – esta sim uma verdadeira “encadernação clássica” os nervos, a gravação a ouro dos títulos e dos florões nas seixas. Tudo ao sabor desses séculos de ouro para a encadernação - finais do XVIII e XIX.
Claro que temos os séc. XVII e XVIII, mas a generalidade das obras encadernadas tem um aspecto demasiado monocórdico, com pouca originalidade na sua execução, mas aqui temos os trabalhos de gravação a ouro com ferros bem concebidos e de execução primorosa (pelo menos aqueles que estou agora a ver...)
E claro, as encadernações com gravações brasonadas nas pastas ... um atractivo especial para os coleccionadores, ou muito simplesmente, apreciadores.

Uma abraço de grande amizade do teu amigo deste lado do oceano

PS: Não discuto a técnica da execução de cada uma, pois essa é perfeita – quer tu queiras quer não!

Marco Pedrosa disse...

Amigo Rui


Não há nada de inconveniente... por favor não dizes isso.
És sempre bem vindo.
Mas vamos lá...
Chamo genericamente de clássico as encadernações com nervos, pois uma coisa comum nas contemporâneas é a ausência dos mesmos.
Mas tu tens razão, a do Garcia Lorca lembra muito o estilo art nouveau
e menos o clássico. Já a do Auguste Brizeux está bem moderna para um
livro editado 1819, ou seja, a rigor, de clássico não tem nada.
Lisboa reedificada de Miguel Ramalho ao estilo francês do séc. XIX; positivamente!
“L’Histoire des Provinces de la Plata» de Ferdinand Denis – um tipo de transição” certamente o dizes pela ausência dos florões, certo?
Quanto ao varnhagem os cantos pequeno foram somente para aproveitar o bocadinho de couro que me restava, suficiente para esse pequeno formato. Já as cores vivas das peles se devem ao fato das mesmas serem novas e ainda não atingiram aquele agradável tom dos livros antigos, desbotados pelo tempo e pelo constante manuseio. Nada pior que um livro com aspecto e cheiro de novo. Contudo, uma estante cheia de lombadas da mesma cor desbotada é bem monótona não achas?
O marmorizado do corte das folhas e dos papeis, sim já percebi sua preferência que é também a minha.
Qual é o autor dos dois livros a que te referes? (os verdes; claro e escuro?).
Mais uma preferência que temos em comum, também gosto muito de poesia e meu preferido é sem dúvida alguma Fernando Pessoa, principalmente na figura
Do mestre Alberto Caiero.
È como te disse anteriormente, é difícil ser original em copias ou imitações. Principalmente em dourações rebuscadas e ornadas com grande quantidade de ferros. Dou preferência a um visual mais limpo, mais despojado. Acho que fica mais atual. O que pensas disso? Preferes Uma douração mais rica?

Retribuo a ti o abraço amigo.

Rui Martins disse...

Caro Marco
Não quero monopolizar o teu espaço para “passar as minhas ideias”, ainda que para mim seja um grande prazer “conversar“ contigo.
Os livros que comprei são de um poeta que creio ser muito pouco conhecido fora de Portugal, pois mesmo cá nem todos o conhecem: Daniel Filipe (1925-1964).
Gosto muito dele, pois ter um significado muito especial para mim – foi um dos poetas que me ensinou a “ler poesia” na minha juventude!
Comprei: «Marinheiro em Terra» (1949) e «Pátria, lugar de exílio» (1963) (este mais politizado). Já os reli e continuo a gostar.
Talvez o seu livro mais emblemático seja «A invenção do amor e outros poemas» (1961). Que li e reli e continuo a gostar de reler!
Prometo apresentá-lo um dia no meu Blog.
Quanto ao tipo de encadernações em pele, eu classifico-os (classificação de leigo) em:
1) encadernações de época (um “mundo à parte”)
2) encadernações modernas
2.1) encadernação francesa (com nervos) – pode ser inteira ou meia, com ou sem cantos;
2.2) encadernação inglesa (sem nervos) – pode igualmente ser inteira ou meia, com ou sem cantos.
3) encadernações artísticas.
Quanto às dourações, se forem de época, gosto de um bom trabalho de douração com os belos ferros de época; se for moderna prefiro-as mais sóbrias. Um simples florão nas seixas ou outro motivo, mas de ferro simples, se bem que se o livro for de época romântica goste mais de algumas decorações extras como um filet nas pastas e, sobretudo, com os títulos (preferivelmente em couro de outra cor) e seixas em casa fechada. (As encadernações de época românticas, em especial as francesas, que são aquelas que conheço melhor, por vezes tornam-se muito pesadas para o meu gosto ainda que sejam bastante artísticas...)
Espero ter clarificado um pouco melhor as minhas posições, mas estou certo que vamos continuar a “conversar”.
Um abraço amigo